PORQUE DESISTIMOS DAS DIETAS?
Falamos, sobretudo, das dietas de emagrecimento e do porquê de muitas pessoas desistirem, vezes sem conta, de uma dieta.
Não se trata de recuperar o peso perdido após uma dieta; isso é outro assunto que tratarei numa futura “conversa”. Trata-se de pessoas que não atingem o objectivo, nunca chegam à fase de manutenção, desistem repetidamente, uma semana depois, um mês depois, ano após ano, das mais variadas dietas. Esta pode ser a história da sua vida ou de alguém muito próximo de si, não pode?
Saber o porquê de deixar as dietas a meio pode mudar alguma coisa? Pode! E surpreenda-se, pois a ciência por detrás da alimentação em que se baseia uma dieta é apenas um aspecto da perda de peso bem-sucedida, de tal forma que as razões porque mais de 90% das dietas falham não tem nada a ver com o que está a comer. Por isso, hoje não se trata de dar dicas alimentares para emagrecer, mas sim de falar de algumas das principais razões, além da alimentação, que nos levam a desistir das dietas e de que forma podemos contorna-las.
Desistimos das dietas porque… não nos comprometemos. Se calhar nunca começou uma dieta por aqui, mas é por aqui que tudo começa. Tem de querer mudar e escolher ser mais saudável. Sim, é uma escolha. E é sua, acima de tudo,. Não resulta se for outra pessoa, por muito que goste dela, a escolher por si. Tem de comprometer-se, em primeiro, consigo próprio(a), tem de ser por si que quer mudar (é claro que o apoio das pessoas à sua volta é uma mais-valia). Mais, fazer uma dieta “louca” por duas semanas não é comprometimento para ser mais saudável. Se for realista, saberá que fazer dieta não é uma solução temporária e deve ser encarada como um projecto de mudança de vida, para melhor, que requer dedicação a longo-prazo.
Uma das melhores formas de se comprometer é registar (em papel, no e-mail..) as razões porque quer emagrecer. Seja sincero(a) e exaustivo(a), as razões são suas e só suas e são o que suportam esta mudança de comportamento alimentar que, sejamos sinceros, não é fácil. Num futuro não muito distante, vai pensar em desistir (há sempre “aquele” dia…), e reler o que escreveu vai reforçar o quanto mudar a alimentação importa para si, e porque iniciou a dieta, ajudando a que se mantenha no bom caminho.
Desistimos das dietas porque… queremos tudo para ontem. A pressa é, na maioria das vezes, inimiga da perfeição. Aqui falamos da definição de objectivos realistas quando inicia uma dieta. Muitas pessoas acham que vão perder tanto como o(a) amigo, tanto como perderam à 10 anos atrás ou 10 kg num mês… O que acontece é que sempre que perde abaixo das suas expectativas, compromete a sua confiança e pode desistir, independentemente de ter um bom ou mau resultado. Isto significa que se perder 6 kg num mês (que é espectacular e acima da média!), vai desistir… porque não foram 10 Kg… Peça ajuda especializada para definir objectivos de perda de peso realistas, a longo e a curto prazo, sabendo que menos 2 a 4 Kg por mês é uma boa e saudável média, para a maioria de nós (humanos…).
Desistimos das dietas porque… tivemos um percalço. Achou que iria conseguir manter o peso nas férias, mas recuperou 2 Kg… E depois? Errar é humano, ninguém é perfeito, e o seu primeiro erro foi pensar que não existiriam “pedras no caminho”… Se nunca previu isto, é provável que desista. Se fez um bom plano, assumiu que isto poderia acontecer, aceita e segue, de volta ao controlo. Planear tudo, faz toda a diferença.
Desistimos das dietas porque… não nos elogiamos. Somos mais críticos do que capazes de elogiar e, ao contrário do que julga, ser demasiado crítico não ajuda. AO contrário, a auto-crítica prejudica, fere a confiança e pode levar a que abandone o seu projecto. O auto-elogio tem um poder fenomenal, ora experimente: elogie-se com o que conseguiu perder este mês; elogie-se por estar em dieta há 10 semanas, o seu recorde nos últimos tempos; elogie-se por, naquele jantar em que se excedeu, ter voltado ao rigor logo na manhã seguinte.
Desistimos das dietas porque… não vemos tudo. Vemos que emagrecer é perder quilos e vestir aquela roupa… mas isso não é tudo. É importante to see the big picture, isto é, perceber que a nossa dieta é, acima de tudo, um projecto de saúde, uma mudança para a vida, e que mesmo naquelas semanas em que não perdemos o que era suposto, demos mais uns passos na melhoria da nossa saúde. Sentimo-nos tão melhores sem a “dependência” do açúcar, as nossas análises estão fantásticas e lá em casa todos seguem o nosso exemplo e comem muito mais legumes do que antes (até já comem sementes, vejam bem!). A mudança não é só na balança, see the big picture!
Desistimos das dietas porque… não escolhemos a melhor. Não lhe posso dizer qual a melhor dieta para si, mas posso dizer-lhe que deve ser adaptada a tudo na sua vida, desde gostos alimentares, actividade física, objectivos, horários, tempo para preparar refeições, disponibilidade para comparecer às consultas, etc… Por exemplo, uma dieta pode ser cientificamente brilhante, indiscutivelmente saudável, mas requer que não coma nada processado e prepare todas as suas refeições; ora, se não tiver tempo, cumpre uma semana e desiste, não porque a dieta não era boa, mas porque nao era a melhor… para si.
FONTE: Birdmagazine